sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Crónica: Sangue Fresco



       Ao vermos documentários, fotos, livros, ao lermos sobre como são os cenários musicais de outras partes do mundo, como por exemplo Bay Area e Estocolmo dos anos 80 e 90,ao ouvirmos histórias e anedotas,
aventuras e desventuras no mundo da música pesada, chegamos a uma conclusão: o coração disto tudo reside nos “putos”. Sim, são eles que fazem isto bater. Aquela "canalha" cheia de energia, garra, atitude,
frustrações da puberdade, “espinhas vulcânicas” e ingenuidade resultante de paixão no seu estado puro e bruto. É a juventude sedenta que faz questão de bombear o sangue deste corpo e de levá-lo a níveis quase radioativos de energia concentrada.
       Digo isto, porque ultimamente, tenho sentido uma lufada de ar fresco nos concertos locais. Digo com todo o carinho que tenho que me alegra imensamente ver estes rapazes sebosos, suados do headbang, de punho no ar, a soltar o que a semana trouxe de mal às suas vidas, e cuja compreensão pela sua “geekness” só é feita dentro das quatro paredes do recinto do evento musical.
     Sem sairmos dos Açores, olhando para a mítica filmagem dos Morbid Death ao vivo na Maré de Agosto em ’93, vejamos quem está a pular e a berrar, quem está a saltar por cima da vedação e a ser agarrado por seguranças, devido a doses intensas de excitação juvenil, que precisam ser libertadas via moches, stage dives e todos os rituais naturais de um concerto de música pesada/alternativa.
     O que pretendo com este breve texto é uma ode à juventude e ao que ela representa e mantém vivo.            Celebre-se a ingenuidade, sinta-se garra e conserve-se a falta de preocupações que ainda temos. Ainda não se foi a nossa energia, energia essa que podemos gastar nos ditos concertos. Viva ao cheiro a suor, viva às nódoas negras, viva aos narizes sangrentos, viva ao dinheiro poupado do almoço de modo a usá-lo noutro tipo de alimento. A fome que nos transforma num casulo de energia estática que no momento de celebração é disparada em todas as direções, sem sequer nos passar pela cabeça em quem acerta ou deixa de acertar e que nos faz querer saber tudo e ainda ter vontade de mais.
    Podem dizer que um concerto do Rock in Rio é a coisa mais linda do mundo, com isqueiros acesos no ar e movimentos sincronizados de braços ao ritmo da música. Pois eu digo o que para mim é lindo: o poder de um moche; o headbang sem sentido ou propósito de dança dos “outcasts” do liceu que, naquele momento se borrifam, para todas as “bocas” que levaram ao passar no corredor. Naquele momento, somos nós que temos o poder.
    É isto tudo que adoro nestes estilos alternativos, a paixão que é suficiente para nos fazer esquecer de rituais de acasalamento, para simplesmente ter aquele momento de libertação quase divina, sem pretensões e cinismos.
Somos nós que fazemos o pessoal “rodado” e experiente sentir que tem a mesma idade que nós. Somos nós que regamos a nostalgia na cabeça do tal pessoal de braços cruzados que, com todo o direito do mundo, descansa depois de anos passados a viver o que estive até agora a descrever.

     Juventude sem vergonhas, é isto que significamos, somos o simbolismo vivo do propósito da música em si e dos concertos. E que venha sangue cada vez mais fresco, que é isso que mantém vivo o que gostamos, e a pedido de uns desses putos que vivem para se “esbagaçar” nesses eventos: não coagulem!

Crónica: Pedro Santos

5 comentários:

  1. k os novos sejam assim para ka moda de poseirismo nos eventos se dissipe. a mim chamavam de maluco pk era e assim sou ass irreverente e mal trapilho. mete nojo o k se tornou maioritariamente os gigs especialmente no continente. em k grande parte do publiko tenta ser mais vedeta k as bandas. vivam os putos! mm os k ainda sao putos aos 30 e 40 \m/

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    1. Os vedetas que tirem o pau do cu e abram espaço pró moche, que há quem goste verdadeiramente de música, e nao a acha um complemento ao seu ego ;) Johnny Man! \m/

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  2. Eu ainda levo com "bocas" quando passo por um corredor!

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