sábado, 23 de novembro de 2013

Se és 1080, eu sou 240

Cronista: Pedro Santos 
Sim, os Coldplay têm a sua piada: vocalista bem-parecido, melodias açucaradas e refrões que recusam a desaparecer. Sim, percebo. Agora preencham lá o recinto do Optimus Alive, recheiem-no de t-shirts dos Muse e trauteiem a nova musica 1080p do refrão da moda que passa disfarçado e camuflado na discoteca que se “preze
”. Mas permaneçam lá, enquanto for apenas esse estádio onde querem jogar.
            Agora, não teimem em apresentar breguilhas abertas à espera de prazer oral, aos meninos das Bravos, Teen-Qualquer Coisa, e numa galáxia infelizmente não tao distante, das Blitzs e Metal Hammers deste mundo, que há quem não nasceu para o bonito e fácil.
            Não me insiram nessa realidade e não tentem interligar a minha e a tua. Pelo menos não enquanto o vosso clímax não for atingido ao som daquela guitarra suja e da voz podre a soar a tubo de escape de mota velha. Porque é nesse mundo que me insiro.
            E a quem neste meu mundo pertence, não lhes peçam o rabo, nem neste cuspam e teimem com lubrificante, de modo a ficar apresentável, anti-aderente e convidativo ao orgão já levantado pelo novo clip do Bruno Mars, ou pelo som daquele assim para o “modernaço”, seja comercial, seja pseudo-alternativo, única sonoridade ao qual se prazeriam manualmente os críticos gratuitos, que na vida toda só mantiveram o pau duro durante música em 1080p.
            Enquanto fores única e exclusivamente um Bon Jovi, um Bruce Springsteen ou até mesmo um Jack White, e, mais dentro da minha família, os Bring me to the Horizons, Triviums e Killswitch Engages deste mundo, vou berrar, sujar, vomitar e apodrecer tudo o que para ti é considerado musicalidade. E vou gostar. Vou saborear cada gota de suor que me toque nos lábios e vou aproveitar cada dedo do meio levantado como resposta a olhares condescendentes e “Sabe-Tudos” que não sabem que nada sabem. Porque no universo do 1080p, apenas existe uma forma de tocar. No meu universo, rezamos ao altar do Mau, do Porco e do Feio e aceitamos a imundice como um instrumento em si
            E quem se sentir ultrajado por serem ignorados os cânones estabelecidos das suas (M)en(T)es (V), e necessitarem ser benzidos com cotonete, rogando pragas e veneno, só p’ra eles venenoso, à nossa vontade de seguir as pegadas lamacentas dos Lemmys,  Iggy Pops e outros “porcalhões” deste mundo,  cuspam-lhes o escarro preto, que a partir do momento em que o cão desdentado e descabelado é atiçado, tem todo a razão em ser cuspido.
            De headphones a vibrarem a tua individualidade, caminha e deixem-lhes olhar a tua traseira impenetrável, deixa sair o sorriso, ao reparares na sua dificuldade em sentar-se.
            No palco, venera a tua incapacidade de ser o menino bonito em 1080p, evoca o espírito que comanda isto tudo e o tal sorriso, com os dentes todos,  há de deixar as bocas dormentes esconderem-se na sombra para limpar os restos de esperma dourado, queimadas, afugentadas pela blasfémia com que te encaram e ainda sem perceber o porquê do seu intestino grosso estar ligado à fala.
 Usa o 240p como veste, e não a laves, deixa-a suja, se é assim que gostas. Sei que é assim que eu gosto.

Cronica: Pedro Santos 

3 comentários:

  1. Isto sim é saber escrever. Sem paneleirices!

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  2. Muito bom mesmo ,isto e um bom grito nas orelhas dos musicos que nao sabem ouvir mas que mesmo assim acham que teem ouvido

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